Antigamente, não havia luz aqui na aldeia. Era uns candeeiros “pequenelhos” em zinco. Tinham uns coisos pegados por baixo. Por cima era a modo em redondo, onde se acendia. E tínhamos um de mesa que tinha por cima a chaminé. Uma vez, vinha lá a descer umas caleiras e ainda me lembra que zanguei-me com o estupor do candeeiro. Apagou-se-me! Agarrei, arrumei com ele lá nas penedas! O candeeiro foi para um lado e o coiso por baixo foi para o outro. Depois tive que arranjar um pau e preguei-lhe um prego. Pronto, lá se segurou. Acendiam com petróleo. Sempre foi com petróleo. Mas não se via nada. Uma pessoa deu cabo dos olhos com aquilo. A minha sogra - Deus lá a tenha em descanso - dizia assim:
- ”Olha, filhinha, não andes coser... Depois, queres e não podes.“
Assim foi. Já tive que fazer operação às vistas, que já não via bem. Se fosse agora, faltando a electricidade, a gente já não sabe o que é que falta. Põe uma vela e, às vezes, esse tal candeeiro que eu digo. Mas nem fazemos caso.