O dia da matança do porco era conforme podiam. Não era difícil matar o porco. Até uma pessoa, se quisesse, era capaz de se avir com ele sozinho.
Também já matei. Estava lá um a pé, diz assim:
- “Então, mas como é que você mata o porco?”
Viu-me espetar a faca ao contrário, de lado, atravessado. Mas o homem matou comigo.
Quando é mais pessoas, é pior. Quando uns agarram dum lado e outros do outro, é preciso saber andar coisa. Se estiverem a agarrá-lo na frente, nas orelhas ou por qualquer lado e se o que está de trás no rabo não lhe souber dar o jeito, é capaz de aleijar os outros. Uma vez, está para ir para um lado e depois lá lhe dão o jeito para outro lado, dá a investida e ali pode aleijar as pessoas. Às vezes, até lhe põem uma corda na boca onde tem aquelas presas, os dois dentes que são ainda grandes. A corda segura ali naquelas presas e não sai. Amarram em volta das pernas, de roda da tábua, por cima, onde se deita e ali está até tirar o sangue.
Depois de o porco morto, é as carquejas para chamuscar. Carquejas ou outra coisa, outro preparo. Raspa-se com umas lajes mais finas, tirava-se o coirato, aquela pele de fora, e fazia-se-lhe a barba com umas facas aguçadas. Depois, fazia-se a separação. Separava-se os presuntos. Primeiro, abria-se, tirava-se-lhe as tripas. Depois, cortava-se assim por entre as pernas, chamava-se-lhe a suã. Depois, esfolava-se-lhe o coirato. Tirava-se aquela carne limpa sem o coirato que era para fazer torresmos. Era mais gostoso que agora. Criado cá era outra coisa. Agora, não é como nessa altura.