Eu ainda fui apoquentado com bruxas. Prendiam o gado à gente. Não andavam. Deitavam-se para o chão e não andavam.
Eu andava a guardar o gado. Trazia lá as ovelhas e as cabras. O meu pai mandava-me ir botá-las. Tínhamos aqui em baixo um valeiro. Agarrei, fui lá botá-las e elas estavam bem, sem coisa nenhuma. Andavam tal e qual como se não tivessem nada. Passou um bocadito da loja até acima a um caminhito que lá havia, passaram até um valado que lá tínhamos donde ia a água lá para um outeiro para baixo, começou-me uma a atirar com o cu para o chão, mas só para cima das giesteiras. Porque é que seria aquilo? Derreava-lhe o corpo. E não se avinham, atiravam com o cu para cima das giesteiras. As cabras não iam e as ovelhas iam para onde eu ia. Não lhe fizeram às ovelhas, fizeram-lhe às cabras. Quando vinha aqui a chegar ao cabo de onde vai esta estradita por baixo e a outra por cima, aí nem para diante nem para trás. Agarrei, mandei lá o pessoal dizer ao meu pai para lá ir, por causa delas. Meteram-nas numa loja que lá tinham, foi com as ovelhas para a pastagem. Pastaram, vim de lá para cá, abriu-se à porta às cabras, já foram com elas.
Outra vez, vou lá também buscá-las. Nessa altura, só foi uma, mas foi mais perto da torre do sino. Quando vinha aqui, amoitou-se, assentou-se e não andava nem para trás nem para diante. Havia cá mais pessoal que agora e aquilo era como uma feira. Começavam a dizer:
- “Será duma bruxa? Será disto? Será daquilo?”
E a erguer-lhe a pata a ver se coisa. Começa-lhe ali a dizer do enguiço das cabras, das bruxas, que é delas? Disse tudo o que tinha a dizer. Pôs-se a cabra a andar, já não foi preciso mais nada. Depois, tornou a desfazer quem lá estava. Devia lá estar.