O casamento foi em Pomares. Fomos a pé e viemos. Fui à freguesia. Na altura iam juntos, mas não iam agarrados um outro ao outro. Íamos no mesmo rancho familiar. Foi um casamento pobre, paupérrimo. Digo porque então saiu-me um casamento pobre. Ir a pé daqui até longe para se casar.
O meu fato era um fato preto às riscas brancas e o da minha mulher era azul. Azul claro. Um vestido com um véu.
A boda foi feita em casa. Em casa dos meus sogros. Dos pais dela. Isso hoje em dia é feito nos restaurantes e os pais é que entram com a massa e os noivos a passear, mas naquela altura não. Os pratos era carne de cabra ou de ovelha e canja. Matava-se uma cabra ou uma ovelha. Depois havia o arroz-doce e tigelada de sobremesas, que isso fartava. Os coscoréis também. Pão-de-ló. Era assim que se fazia o casamento. E foi assim que se fez o casamento. Não havia posses para lua de mel. Eu com 500 escudos ia para onde?
Fomos morar para a casa onde estou nestes dias, só que ela não era assim. Era abarracada e o telhado era em lousa, baixinha. A casa era de uma cunhada minha. De uma irmã da minha mulher. Eles não estavam cá. Ela vivia nessa altura com o marido em Leiria.
Continuámos a trabalhar aí na fazenda, depois aí por um mês ela ficou cá e eu fui trabalhar para Almada. Ela ficou cá ainda dois ou três meses a fazer o resto da agricultura que havia para fazer e depois foi lá ter e estivemos lá 29 anos seguidos.