Os meus pais chamam-se Maria da Conceição dos Santos, a minha mãe e o pai Francisco Barata. Agora são reformados. Mas a minha mãe foi sempre doméstica, fazia a lida da casa e trabalhava na agricultura. Cultivava de tudo um pouco. Tinham ovelhas, tinham cabras, tinham galinhas, coelhos. Era para gastos de casa. Era o que a gente comia. A gente não ia comprar a lado nenhum. Nós governávamo-nos com o que se criava. Mas na Mourísia tinha mesmo que ser assim. Era a nossa vida. Era assim o nosso sustento. O meu pai, esse já ia para fora. Andou em diversas empresas a trabalhar. Trabalhava na carpintaria das obras.
A casa onde eu nasci era diferente da que eles vivem agora. Quartos eram cinco. A cozinha tinha, chamavam-se, os bancos. Era os bordos à volta da lareira. A parte mais funda era onde estava a lareira. Tinha os bordos à volta e a gente tinha que subir ali alguns dois ou três degraus ali para cima.
Éramos cinco irmãos. Dávamo-nos bem, quando calhava. Quando não calhava, dávamo-nos mal. Mas normalmente dávamo-nos bem. Antigamente era mais saudável. Depois das refeições fazíamos sempre as nossas orações e depois brincávamos. Brincávamos umas brincadeiras muito saudáveis. Deixam muitas saudades.