Conheci o meu marido cá na terra, na Mourísia. Nós somos da mesma terra. Começámos a conviver. Não sei se ele falou com os meus pais se não falou. Eu pelo menos não ouvi nada.
Casámos cá na capela da terra, da padroeira, a Senhora da Assunção. Foi a 3 de Janeiro de 1981.
O vestido comprei em Arganil. Mas comprou a minha madrinha. Hoje já não sei se se usa, se não usa. Mas no meu tempo era a madrinha que comprava o vestido. Eu é que comprei porque os meus padrinhos estavam em Lisboa, só vieram ao casamento. Então, eu é que escolhi tudo à minha maneira e depois, eu nem queria, mas a minha madrinha exigiu-me que eu lhe entregasse a conta e ela é que pagou. O vestido era simples. Era simples como eu. Branco, véu não tinha. As flores ainda as tenho secas, eram naturais. Eu comprei um ramo artificial. Mas depois a minha madrinha trouxe-me um natural. Era uma orquídea e eu deixei secar essa orquídea. Ainda a tenho. Foi o meu ramo. O resto era tudo à conta dos pais. Pois se a gente se criou, nós tínhamos que trabalhar sempre em casa, no campo. Tínhamos que trabalhar sempre até nos casarmos. Eles tinham obrigação. Era assim. Eles governavam-nos, depois é que nos faziam tudo. E foi assim. Depois tudo que nos davam, as prendas, isso tudo já era para nós. Deram a nós, foi para nós. Mas as despesas, os pais é que pagaram tudo.
Os preparativos, tudo o que fizemos, fizemos em casa. Fizeram os meus pais, fizeram os pais dele. Comprámos alguma coisa que era preciso, mas basicamente era do que tínhamos. Os ingredientes para o banquete era tudo criado. Portanto, era o que se usava nas bodas. Era chanfana, tigelada, o arroz-doce. Comprávamos mais algumas coisas, claro, alguns bolos. Praticamente foi o que se comprou. Também não havia grandes posses. O resto foi tudo do que a gente criou. Éramos eu e a minha família. Ajudei a cozinhar tudo. Só no dia do casamento é que estava de folga.