Na escola brincávamos e levávamos porrada da professora. Havia mais respeito do que há hoje com as professoras. Eram duas escolas. Uma para rapazes outra para raparigas e chegou cada professora a trazer 60 alunos. Quando fiz a terceira classe, a professora das raparigas tinha menos alunas. Nós fomos os rapazes para a escola das raparigas. Para ficarem as professoras com tantos alunos como as outras. Lembro-me que algumas professoras eram más. Outras eram melhores mas a gente, às vezes, também era estúpido. Havia lá cada calmeirão já com 16 anos, maus. Ainda andavam na escola. Depois a gente éramos mais pequenitos e eles batiam à gente, se a gente dizia qualquer coisa.
Lembra-me que uma vez uma professora deu-me uma régua. Diz-me ela assim:
- “Vais dar tantas reguadas ao teu colega.”
Eu vi-o calmeirão e eu pequenito pus-me a olhar para ele, tive medo dele, disse assim:
- Depois apanhas-me lá fora e então chegas-me.
Diz-me assim a professora:
- “Dá cá a régua. Não lhe dás a ele, leva-las tu.”
E levei-as eu, dez reguadas.
Tinha quadros para escrever, papéis e tudo. Os livros eram diferentes de agora.
Lembro-me que uma vez, estávamos a escrever no quadro, a fazer contas, ali todos, e havia uns tinteiros nas carteiras. Tinham uns buracos que eram uns tinteiros redondos cheios de tinta que era onde a gente molhava as canetas. Não havia canetas como agora. Ali é que a gente molhava a caneta para escrever no papel. Depois um dia estávamos no quadro e eu queria ver o giz escrever azul no quadro e molhei o giz no tinteiro da tinta. A professora deu-me duas chapadas que eu ia caindo para o chão.