Ainda andava na escola, ia fazer o correio. Eu fazia poucas vezes. Como era das mais novas, tinha dois irmãos mais velhos, esses é que praticamente faziam. Eu fazia lá uma vez por entre outra. De manhã saíamos da Mourísia e íamos ao Sobral Gordo. Depois, havia um caminho directo ao Sobral Magro, íamos buscar o correio ao Sobral Magro. Íamos lá buscar o correio, vínhamos pelo Soito da Ruiva. Deixávamos lá o correio para o Soito da Ruiva. Trazíamos para a Mourísia e íamos levar ao Sobral Gordo. Chegávamos lá ao Sobral Gordo, abriam as malas. Antigamente eram umas malas. Vinham fechadas com um cadeado. Chegavam lá abriam, tiravam a correspondência que vinha para lá, para o dia. Tiravam aquela e metiam a que era para seguir, para enviar novamente. Então, nós pegávamos na mala, chegávamos à Mourísia, tomávamos a mala daqui. Quando era ao meio-dia tínhamos que estar na Mourísia com o correio para entregar no Sobral Gordo. Voltávamos outra vez pelo mesmo caminho. Seguíamos pelo meio das ladeiras por o caminho do castanheiro. Passávamos assim a meio da encosta, direito à estrada para o outro lado. Para ir ao Soito da Ruiva. Chegávamos lá, pegávamos na mala do Soito da Ruiva, direitos ao Sobral Magro levar as malas do correio. Chegávamos lá deixávamos logo as malas. Vínhamos embora outra vez pelo mesmo caminho. Ao outro dia continuava a mesma coisa.
Na taberna é que era o posto disso tudo. Tinha que ser pago. Mas era pago ali. O ordenado que nos davam a nós, que fazíamos, isso estava entregue ao meu avô e aos meus pais. Mas o ordenado que gente recebia era apenas o nosso sustento. Nós ainda éramos gaiatos. Ainda éramos novitos.