Andava de pastor. Logo desde miúdo. Ia guardar o gado, ia buscar molhos de mato. Ia-se ao curral, botavam-se para fora e depois iam-se pastar aos lameiros. Lameiros é onde a gente pisa e em cima há ervas. E punham-se lá a pastar. Era nestas fazendas onde se semeava o milho. Durante a parte do Inverno tinham erva e iam pastar para aí.
Fazia aquelas coisas que era preciso fazer na agricultura. Antes de ir para a escola, até depois de sair e nas horas vagas quando estava de férias, era sempre a ajudar os meus pais. Fazia aquelas coisas mais leves enquanto éramos mais miúdos. Ir ao mato, tratar do gado. Fazia-se o que eles mandavam. Mas a gente como era mais novo as coisas mais pesadas não fazia. Só à medida que se foi crescendo é que se foi fazendo tudo.
Brincávamos às escondidas. Uma pessoa estava ali a contar. Os colegas iam-se esconder. As pessoas iam para cada uma para um lado. Depois a pessoa tinha que ir à procura deles. Se ele os visse primeiro, ganhava ele. Se ele se deslocava para mais longe e o que estava escondido estava por ali perto e vinha lá ao sítio onde ele esteve a contar então o outro perdia. Dizia assim:
- Atrelinca.
Tinha que o outro ir contar e os outros iam-se esconder.