A primeira máquina que tive foi uma máquina universal que dá para fazer tudo. Depois a seguir com uma máquina com um disco que era para traçar, para cortar as tábuas a atravessar. Aos comprimentos cortar. Também era essencial. Depois uma serra que também era fundamental para serrar madeiras e outras coisas. Uma lixadeira para polir a madeira. Um berbequim. Aquelas coisas que eram mesmo indispensáveis. Aquelas coisas básicas que tinham que se ter para trabalhar. Sem isso... Ao princípio ainda tive que remediar. Ainda cortava uma tábua com uma serra daquelas de mão, mas aquilo não rendia porque perdia-se muito tempo e não rentabilizava. Depois a obra ficava muito cara ou ganhava pouco. Então tive que direccionar os recursos todos para ali e abdicar de tudo, mas mesmo tudo. Fazer uma vida de pobre, de escravo.
Foi preciso sempre acompanhar a evolução dos tempos e foi preciso sempre comprar mais ferramenta, mais ferramenta, mais ferramenta. Qualquer coisa que ia aparecendo e que era necessária tinha que se ir sempre comprando. Mas quer dizer aqueles investimentos maiores em máquinas maiores foi assim mais nos primeiros anos. Eu comecei aqui com a carpintaria em 1981 e para aí até 2000 fui sempre comprando máquinas. Até maiores, assim máquinas mais pesadas. Daí para cá é que depois estabilizou e já era aqueles investimentos mais pequenos. Aquelas máquinas mais pequenas eram investimentos menores.
A madeira íamos a um estaleiro. A uma estância de madeira que havia aqui ao pé de Santa Comba Dão. Íamos lá escolher os paus. Aqueles paus de madeira exótica. Então a gente tinha que escolher o pau antes de o ver. Mesmo que estivesse serrado ele estava só com umas tábuas no meio conforme ele era. A gente tinha que comprar. Então aquilo era como os melões. A gente só depois de o abrir é que via se calhou bem ou se calhou mal. Por vezes também se calhava mal e havia muitas peças, muita madeira que tinha que se botar fora e então isso era um prejuízo. Podia calhar bem ou calhar mal como os melões. Era um bocado difícil. A gente quando precisava o vendedor vinha por aí e a gente ia comprar.
Naqueles anos em que o trabalho era muito, às vezes chegava ao mês de Junho, antes das pessoas irem de férias, os trabalhos tinham que estar feitos e era muito trabalho. Aquilo era uma complicação. Às vezes, nem dormia com medo que depois não conseguisse ter os trabalhos prontos quando as pessoas vinham. Quando se tem muito trabalho nós chateamo-nos. Quando temos pouco ainda é pior. É sempre chato.