Havia queimar o gato, mas era no tempo em que havia muita mocidade. Havia um solheiro, ao lado da casa do tio Inácio. No solheiro secava-se lá milho, dos milhos que amanhavam nas terras. Havia aí muito pessoal, muita rapaziada. Íamos buscar um pinheiro, lá a uma certa altura. Ficava só com uma ramadazita lá no cimo. Depois de estar no chão, aquilo é tudo bem empalhado com palha centeia. Depois punha-se então um cântaro, chamava a gente um cântaro de barro de ir buscar água, pendurado na ponta. Metia-se lá um gato dentro. Depois botava-se o lume no fundo. Aquela palha a arder e a gente todos de roda daquilo. Havia por aí ainda um ou outro que tinha uma violazita ou uma guitarrazita. Tocavam naquilo, a gente fazia ali um bailezeco de roda daquilo. Quando o lume lá chegava em cima ao cântaro, com o calor, caía. Quando aquilo caía, o gato ficava um bocado traumatizado. Aquilo era muita altura, com o calor, mas com isso arrancava. Ao outro dia tirávamos o pinheiro para o chão. Isso fazia-se, mas era noutro tempo que havia aí muita gente. Agora não. Agora praticamente é tudo já velhote.
Nós, os rapazes novos, íamos para o Sobral Gordo, para a Moura. Aqui não havia nada. Nós éramos rapaziada. Aquele tinha uma concertinazita, este tinha um acordiãozito. Aqui não havia mocidade, não havia raparigas, não havia nada. Agarrávamos e íamos para fora da terra para nos divertir. Às tantas da noute vínhamos embora.