De minha lembrança a Mourísia está um bocadinho modificada. Está um bocadinho melhorada. Mas por exemplo, da Mourísia para Côja, quando é nas férias da escola não temos transporte nenhum. Durante o tempo que os moços estão de férias, ou pelo Natal ou pela Páscoa ou nas férias grandes no Verão, não temos. É a que vem do Piódão. Temos que a esperar onde é o ramalzinho da nossa estrada para baixo. Ali é que temos de apanhar. Não temos meio de transporte nenhum para a Mourísia. Se quisermos ir a Côja, se quisermos ir a Arganil, se quisermos ir a qualquer lado, temos que chamar um táxi, que outro transporte não temos. Isto não está nada modificado, nem melhorado, a respeito de transportes.
Muita malta hoje, anda na escola, anda nos estudos. Tirando os estudos têm que se ir embora. Onde é que eles aqui se vão empregar? Onde é que estão os empregos? Aí é que é. Em Lisboa também há muita gente, é verdade. Também há muita gente a estudar e os empregos poucos. Mas se não é aqui é além. Se não é num lado é noutro, ainda se empregam. Agora aqui é que não. Isso vai indo, vai indo, chega a pontos que morre tudo. Não há ninguém. Os que estão lá, os novos não vêm para cá.
Eu ficava contente era que isto cada vez melhorasse mais e que de hoje a amanhã houvesse aqui mais gente na Mourísia. Temos o cafezinho, temos a merceariazinha por cima, pronto, temos ali uma coisinha. A malta queria modificar aquilo ainda mais, mas lá está a tal coisa, aquilo ainda se vai modificar com palavras. Ali é que se fazia uma obra boa. Uma placa por aí afora, uma esplanadazinha ali, logo a seguir à casa do povo. Queríamos fazer ali uma cozinha, para quando vêm as excursões de Lisboa ou uma altura qualquer. Para fazer ali a comida. Tudo assim seguidamente. Agora vamos lá ver se a Comissão vai conseguir alguma coisa.