Comecei a ser mais crescido, dediquei-me mais à fazenda. Trabalhava muito a fazenda. Depois, ainda era novo, começaram-me a meter em cabeça de ir então para Lisboa. Assim como fui. Praticamente a minha vida foi sempre em Lisboa. Eu reformei-me de lá e tudo. Em Lisboa era nas obras. Foi sempre a minha vida nas obras. O patrão tinha uma quintazita, e ainda hoje tem. Aos fins-de-semana e dias feriados ia para a quinta. E assim fui governando a minha vida.
Tive que sair daqui da Mourísia. Assim como saem muitos e continuam a sair. A gente aqui já não andava. O tempo que tínhamos estado aqui, a trabalhar no duro. Em Lisboa também era duro, mas lá trabalhávamos e víamos dinheiro. A gente aqui era trabalhar, trabalhar, trabalhar. Era a trabalhar uns para os outros.