O meu pai, que Deus tem, chamava-se António Moura Pereira, também. A minha mãe chamava-se Ermelinda da Conceição Pereira. O meu pai era de uma aldeia perto daqui, Chãs d'Égua, numa terra chamada o Piódão. Foi para a Pampilhosa, para as Meãs, para uma casa rica que lá havia, guardar umas cabras. Guardava um rebanho de gado. De manhã, ia ao mato para botar ao gado. E, ao meio-dia, pegava na merenda às costas e ia-as botar até à noite. Depois, à noite, metia-as no curral. Ao outro dia, de manhã, pegava numa roçadoira e numa corda e ia ao mato para elas. Almoçava e tornava-as a botar. Era a vida dele. Roçar mato e guardar gado. Fez aquilo até se casar. Claro, lá agradeceu a minha mãe, que Deus tem, e casou com ela. Quando se casou, foi para casa dele. Ainda trabalhou nas Minas. A minha mãe, que Deus tem, trabalhava lá na fazenda.
Éramos quatro irmãos. Morreram dois, escaparam quatro.