No Dia de Todos-os-Santos, fazia-se um magusto no largo e a malta ajuntava-se ali toda para comer e beber vinho. Ainda há poucos anos que a gente fazia lá um magusto. Era só a gente da Comissão. Agora, já está isto não é como era antigamente.
Quando se vem em cima, logo à entrada da povoação, tem aqueles dois castanheiros que ali estão. São meus aqueles castanheiros. Antigamente, “esbolava-se” a castanha, tirava-se um bocadinho de pele na frente e punha-se a cozer. Outra vez, era uma “mucegadela” na ponta para não se estragar e assava-se. Comiam-se assadas. Se era para comer depois secas, punham-se no caniço. Depois punha-se numa panela a cozer e fazia-se sopa de castanhas. No fim de estarem cozidas, punha-se leite para dentro. A minha mãe, que Deus tem, fazia muita vez assim.
E nesse tempo não era como agora. Jejuava-se. Havia pessoas que jejuavam a Quaresma toda. Mas no dia de jejum fazia-se sempre um magusto e um rancho melhorado: uma panela de caldo de castanhas com leite para se comer ao meio-dia. Depois, não se comia mais nada até à noite. Não se podia comer senão duas vezes no dia. Ao meio-dia e à noite. De manhã, nesse dia, não se comia. Era assim a vida.