Nós lá na nossa aldeia também não tínhamos água ao domicílio. Nós temos lá água ao domicílio há 30 e poucos anos. Primeiro tínhamos lá uma nascente. Eram três tubos a deitar água. Era ali que vinham. As mulheres tinham lá uma espécie de uma poçazita, com umas lajes, onde lavavam a roupa. Estavam ali alagadas com os pés na água a lavar. Hoje já tem lá lavadouro e toda a gente tem máquina de lavar em casa. Antigamente tinham umas pedras na ribeira e estavam ali alagadas na água a lavar na água corrente. Também assim levava a sujidade toda logo “pia baixo” para Côja. As mulheres andavam com umas tamancas abertas calçadas, com umas brochas por baixa. Assim andavam. Era conforme podiam, coitadas.
Iam às fontes ao oiteiro com o cântaro à cabeça, para o cimo do povo. Depois mais tarde, já me eu lembra muito bem, é que veio a água ao domicílio.
As levadas da água são aquelas levadas para a gente regar nas fazendas, que se tapa na barroca ou na ribeira. Portanto, ia começar à ponte fundeira, e depois a gente ia cortando. Cada qual, ia chegando a sua vez, ia cortando para regar a sua propriedade “pia cima”. E servia de caminho para a gente passar. As levadas eram fundas e ao lado tinha uma paredezinha. A gente passava por cima daquela parede, às vezes, por dentro da levada.
No tempo da praia vem muita gente à Benfeita. Tem a praia no Verão. A água era mais límpida. Os rios não estavam poluídos.