O castanheiro tem uma história. Ele tem muitos anos, talvez 200, 300 anos. Quando eu fui à tropa, havia uns colegas que iam daquelas aldeias de além. De noite, passavam lá por cima pela serra, lá vinham contentes demais e até deitavam fogo, à serra, ao mato. Ficava a arder e a gente tinha que lá ir apagá-lo. Ali no castanheiro, sucedeu que houve algum vizinho ali do Tojo, ou não sei de donde, que passou e botou para lá o cigarro ou ateou lá fogo ao castanheiro. Ele já estava oco por dentro e estava cheio de folhas. Também podia ser alguma faísca, algum raio da trovoada. Nunca se chegou a descobrir se seria uma faísca que lá caiu no castanheiro e o incendiou ou se teria sido esse homem que passou e incendiou. Mas aquilo ardeu tudo por dentro. Andou dois dias a arder. Depois, aquilo ardeu e ficou lá um espaço grande. A gente entra para lá, pode-se lá sentar, pode-se fazer-se a cama e dormir. E conforme ardeu, fez umas janelas nas pernadas para os lados, mas por fora ficou sempre aquela parte de 10 ou 20 centímetros de grossura. Então, tem portas e janelas. Às vezes, as pessoas vão lá filmar um bocadinho, vão para a janela e vão para cima das pernadas. O castanheiro ficou muito conhecido pelo que lhe aconteceu e foi dado como Património de Utilidade Pública.
Vem muita gente, às vezes, porque ouvem falar. Como está na Internet, vêm fazer uma visita à povoação e aproveitam. De Verão, é simpático. Tem muita ramagem. É assim um castanheiro que dá ali uma bela sombra. Quem quer pode ir até lá, levar a merenda e estar na frescura daquela ribeira. É engraçado, ao mesmo tempo quando aquilo está com a sombra toda, tudo verdinho. E aquela frescura da ribeira, que a gente põe lá os pés e tem que tirá-los, que a água ali é fresca. Não é boa para fazer lá uma piscina.