Depois fui para Lisboa. Tinha aí 23 anos. Já era casado. Já tinha o filho mais velho e a minha mulher andava grávida do outro a seguir. Ela ficou a trabalhar a fazenda em Pai das Donas. Um cunhado é que me para lá levou. Eu como tinha a carta andava com uma carrinha a levar pão aos depósitos de pão num senhor de Tábua. Chamava-se Padarias Castanheira de Moura. Ia levar aos postos, aos lugares, carregar às padarias. Trazia um ajudante comigo. Só andei dois meses em Lisboa. Havia muita gente a ir para Lisboa. Vinham à terra, às vezes, no Verão, outras vezes no Inverno. Era conforme. Outros levaram para lá as famílias. A minha mulher não queria ir para lá, e eu disse: eu estar aqui e ela lá não dá nada.