A gente se queria um médico tinha que ir a Côja ou a Arganil. Tinha que se ir a pé. Não havia estradas, não havia carros. Já vêm médicos à Benfeita aí talvez há 30 anos. Mas primeiro não vinham. Havia um senhor que era barbeiro mas sabia tanto como um médico. Ele era barbeiro mas esteve na tropa, na Companhia de Saúde. Lá aprendeu alguma coisa. Chamava-se José Augusto Martins. Isso para dar uma injecção era um ás. Deu-me muita injecção. Uma vez, tinha 16 anos, tive uma perna presa. Estive sete meses sem fazer nada e ele ia-me dar as injecções. Ia numa mula “pia cima” ia-me lá dar as injecções a Pai das Donas. E ia por essa serra fora até ao Soito da Ruiva e isso tudo. Ia a cavalo na mula ver lá doentes.
Se se aleijasse, se fosse preciso levar um ponto ou isso tudo, era esse senhor é que curava a gente. Se fosse dar um ponto num dedo ou numa perna, ele dava.
Se doíam os dentes tínhamos que amparar a cara. Punham assim umas papas de farinha, com um pano, na cara. Diz que era para deixar de doer.
O Mostarda era outro senhor que morava na Benfeita, que também fazia o mesmo. Também era barbeiro e também fazia o mesmo que o senhor José Augusto. Eram os médicos cá na terra.