Foi no ano que eu saí da tropa, em 1980, que a luz veio. Era uma aldeia muito escura, só quando havia luar é que a gente via para andar de noite. Se a gente saía à rua, até quando, às vezes, o meu pai me mandava:
- “Olha, vai buscar uma garrafa de vinho.”
Eu tinha medo, não ia lá. O vinho estava na loja. Só com uma pilha para a gente sair à rua porque naquela altura era uma escuridão autêntica. Mesmo em casa, era os candeeiros a petróleo. Aquilo largava fumo, ao outro dia o nariz era só fumo que saía.
À noite tinha que levar uma lanterna. Senão estava sujeito a tropeçar e a cair logo.