No dia de Natal, na Mourísia, não me lembro, que se fizesse a fogueira. Era mais um dia especial, que se comprava um bolo-rei, uns figos e era batata com bacalhau e couves.
Já havia prendas. Não era como agora mas sempre vinha uma camisa nova ou uma camisola.
Na Páscoa, isso era andar atrás uns dos outros às amêndoas, eram doces. Naquela altura comia aquilo como o milho quase, tinha bons dentes.
Já havia, por exemplo, aquela tradição do folar. Nessa altura, quando eu me começo a lembrar, ao padre davam era ovos, queijos. A gente ia, os miúdos, tocar a campainha atrás deles. O padre já tinha carro, levava os folares todos lá. Mas era difícil.
Os padrinhos também davam qualquer coisa aos afilhados. Às vezes, uma camisa, ou uma camisola, ou umas meias, ou um pacote de amêndoas. Era assim.
Hoje a Páscoa já não é tão bonita porque agora o padre até já nem vem pelas aldeias. Eu além de ser Presidente da Junta ainda tenho que ajudar o padre a ir dar as Boas Festas. Sou eu mais outro e vamos de casa em casa dar as Boas Festas, levar a cruz a beijar e ler a passagem de Cristo.