Saí da escola aos 11 anos, andei a guardar o gado até aos 16 anos e aos 16 anos fui para os serviços florestais. Em Junho de 1973. Aonde ainda hoje continuo. Em 1986/87, entrei para o quadro. Em 1979 já andava na tropa a cumprir o serviço militar quando assinei a papelada de entrar para o quadro, fui classificado como a profissão de motosserrista, que é trabalhar com máquinas, com motosserras.
Na floresta trabalhávamos com um martelo a fazer fogo. Onde carregávamos para rebentar com a peneda para as máquinas conseguirem levar a peneda. Comecei a ganhar 50 escudos por dia. O meu trabalho era fazer fogo e trabalhar na floresta em desbastes de pinhal, cortar mato, arranjar estradas, tapar os buracos. Os serviços florestais é que conservavam todas estas zonas. Havia muito pessoal a trabalhar mas hoje unicamente trabalho eu nesta zona, na floresta.
A minha zona era aqui o perímetro florestal das Necessidades mas, mais tarde, andei a cortar pinhal no mato na península de Setúbal e para vários lados. Andei na Albergaria-a-Velha, Águeda, na Figueira da Foz também a cortar, a limpar lá uma mata. Tudo em matas do Estado. Éramos deslocados porque ia passar a vistoria e andavam lá empreiteiros que não conseguiam ter tudo pronto e depois a Direcção-Geral das Florestas mandava-nos ir para lá. Contactava a administração aqui em Arganil e iam colegas aqui de Arganil, iam da Lousã, vários lados. Íamos à segunda de manhã e vínhamos à sexta à tarde. Dormíamos lá num centro do Estado. E o último ano dormimos já em pensão. Era cansativo, íamos numas carrinhas 4x4, chegávamos lá todos partidos. Quando a gente saía dos carros quase que nem conseguia andar.
Agora a maior parte das vezes ando sozinho. Limpo em volta da Casa do Pião e noutra localidade que é Vale de Maceira. Há lá outra casa florestal onde tem uns jardins e tudo.
Agora puseram-nos na mobilidade especial a partir de Janeiro. Estou em casa até me darem a reforma.
Sou Presidente da Junta de Freguesia da Moura da Serra, há três mandatos. Vou no terceiro mandato mas no total estou com quase com 20 anos de Junta. Dois mandatos que são de quatro anos, dois mandatos de secretário, e três como presidente da Junta. Dá muito trabalho, chatices, arrelias, para ter as coisas em dia. O que mais preocupa é, no Verão, nas festas das freguesias. São quase todas na mesma altura e as ruas têm que estar todas limpas. É muito complicado.
A sede da freguesia é Moura, depois tem a Mourísia, Parrozelos, Relva Velha, Valado e Casarias. Mas nestas terras a população está cada vez mais a diminuir. Há aldeias quase sem ninguém. A juventude não há maneira de a segurar. Não há trabalho. Só unicamente no Verão vemos as aldeias com muito pessoal.