Estive lá 29 anos. Ao fim de 29 anos, voltei para cá outra vez. A casa também não tinha grandes condições e eu não me dava lá bem. Aquilo era uma humidade desgraçada e, depois, também tive um desastre. O médico do trabalho teve que me reformar, mandaram-me embora. Tenho hérnias na coluna. Está claro, a vida lá era diferente. Tinha de se pagar renda de casa, luz e água. Não era muito, mas pronto. O meu marido ainda ficou lá. Depois, veio para cá sem reforma durante três anos. Só com a minha reforma, a gente foi vivendo. Agora, já se reformou. Chegou à idade reformou-se. E é assim a nossa vida.
Compráramos a nossa casa, toda em pedra, toda velha. Só tinha dois quartos e nós acrescentáramos a cozinha. Não tínhamos casa de banho, que não havia. Tinha uma palheira e era assim. Compráramos, mandáramos arranjar. Mais tarde, já lhe déramos outro arranjo. Já foi arranjada por três vezes. Para o andar de cima, o meu genro também ajudou. Se não ajudasse, também não punha. E foi assim.
Quando vim para cá, ainda arranjei duas cabritas, mas, depois, tive que me desfazer delas, porque não podia andar atrás delas. A gente habituou-as à corda. Elas, depois, apanhavam-se, fiiiuu, já iam. Levavam-me a mim atrás da corda e tudo. Tive pena de acabar com elas. Agora tenho uns coelhitos, umas galinhitas é o que a gente tem para os gastos de casa.