O centeio servia para misturar no milho para cozer a broa. Cheguei a fazer tanta broa. Para fazer broa mói-se o centeio e o milho e depois peneira-se, numa peneira, que é para ficar aquelas cascas ou alguns cisquinhos que tenha. Depois mistura-se com o centeio a farinha triga de centeio com a do milho e deita-se água até ficar nem muito dura, nem muito mole. Tem uma medida, uma norma. E bota-se-lhe o crescente, que é o fermento, e deixa-se levedar. Depois aquece-se o forno e deita-se as broinhas às bolinhas no forno a cozer.
Os fornos estão na Mourísia. Há muitos. Quase toda a gente tem forno em casa. Eu tenho forno e tenho moinho. Nós tínhamos o moinho da água, que era na ribeira, depois como eles caíram e deixaram de se lá ir moer, nós comprámos eléctricos. Tenho um eléctrico em casa. Agora as pessoas já não vão cozer no meu forno. Ainda cozeram, mas agora não. Antigamente acontecia duas pessoas cozerem ao mesmo tempo broa. Juntavam, às vezes, quando coziam pouca, coziam dois e três, conforme. Para distinguir as broas punham um sinal. Umas espetavam um dedo, faziam um buraco. Outra fazia dois, outra ficava sem nada. Depois fixavam qual era o que tinha. Se fossem três pessoas uma ficava sem nada, outra punha um, dois, espetava os dedos quando punham a broa na pá, para depois se conhecer. Depois diziam:
- “Estas são minhas, estas são minhas. As minhas olha não têm nada, são estas.”