A matança do porco também já se fez mas agora não se faz. Lembro-me de ter assistido a muitas. Nesse dia havia mais trabalho ainda porque era mais cansativo. Fazer a comida para as pessoas que vinham ajudar.
As mulheres ajudavam nesse dia. A matar algumas ajudavam, outras não. Eu, por exemplo, até o matarem não, mas depois de o matarem eu ajudava a tudo. Até o matarem parece que me fazia assim complexo um bocadinho. Depois de o matar já ia ajudar a carregar água, a raspar e a chamuscar, e depois a abrir e a tratar de tudo.
Para conservar a carne era salgada no sal. Também fazíamos chouriças. De carne, de bofes, de morcelas e de farinha. Mas cá em minha casa. As de carne só migava a carne mesmo de febra. Depois há outra que é a branca que se tira aquela carne mais branca, que depois leva um bocadinho de sangue, e a minha mãe botava-lhe um bocadinho de farinha. Essas eram as de sangue. Depois havia as que eram dos ossos da cabeça. Coziam-nos numa caldeira e depois naquela calda, deitavam-lhe um bocadinho de carne e deitavam-lhe farinha, que era as de farinha. As chouriças dos bofes eram feitas dos pulmões dos animais. Que eram cortados e depois também era com um bocadinho de sangue e com os temperos. Os temperos eram os mesmos. Era sal, que é o principal e o melhor tempero, colorau, cravinho e cominho, que a minha mãe lhe botava, e um bocadinho de azeite. Não punham vinho. Havia pessoas que faziam picantes e assim outras qualidades mas isto era em minha casa. Depois têm que secar no caniço. Para as conservar a minha mãe punha no azeite. Tinha umas panelas grandes, com umas talhas e punha ali o azeite e depois tapava as chouriças assim com azeite. Depois aquele azeite tirava-se para deitar na sopa. Não se deitava fora.