Antigamente não havia luz. À noite para andar na rua andava-se com uma lanterna ou não se andava, estava-se em casa. Nos campos, se de noite era preciso ir regar, levava-se uma lanterna. Se não era, não se ia. Tinha-se que se tratar de tudo de dia e de noite vinha-se para casa. Regávamos de noite porque a água era pouca e eram muitos terrenos. E como a gente tem a água pode andar sempre a regar de dia e de noite. Nunca seca porque vem da ribeira. A água está dividida, cada um sabe o seu tempo. Ainda hoje em dia está dividida. Normalmente cada um tem escrita a sua porque senão depois amanhã não sabem. Eu as minhas sei-as todas de cabeça mas amanhã falta a memória e tem que estar escrito.
Antigamente também não havia água nas casas. Ia-se buscar à fonte, nuns cântaros. É perto de minha casa. Entre a minha casa e a capela. No Verão encontrava-se lá a gente de estar à espera até que se enchessem os cântaros. Os cântaros eram de barro, mas mais tarde já havia uns que era de lata e depois mais aqui há poucos anos era de plástico. A fonte ainda tem água hoje em dia. Nunca secou. No Verão é poucochinha mas agora tem muita. A água era para tudo. Tomávamos banho num alguidar grande. Não havia esquentador e não havia água em casa. Eu por acaso não mas talvez alguém tomasse banho perto da fogueira, se tivesse mais frio. As casas não tinham casas de banho. Para tomar banho tinham um espaço num sítio, num quarto. Alguns até iam para as lojas, levavam a água num cântaro, levavam o alguidar e lá tomavam banho. Depois tomava aquela e ia o outro.