O meu pai era Albino Gonçalves. A minha mãe era Emília dos Anjos.
O meu pai trabalhava nas fazendas, a romper fazenda. Amassava penedas e fazia cômbros para semearmos o renovo. Iam trabalhando e melhorando para diante as calhadas que há na aldeia. Fazia para casa e, às vezes, ajudavam os outros. Havia mais iguais. Porque as fazendas não eram todas como estão agora. E umas vezes pagavam, outras vezes era em troco. Hoje dava a eles, ele ajudava a gente. Isto era aí uma gente toda, era uma maravilha.
A minha mãe era a vida de casa. E com os miúdos, ir à feira de Avô, trazer retalhos, lá tinha conhecimentos, trazer retalhos para fazer roupinhas para a gente. A minha mãe era muito vaidosa. Trazia sempre os filhos limpinhos, à beira dos outros. Ia à feira uma vez por mês. Era à quarta-feira. A última quarta-feira do mês. Também ia à de Côja mas não era tanto. Porque para Côja ainda é um bocado mais longe e ela ia a pé. Não havia carros nem havia estrada. Era aí quase duas horas e meia.