Quando andava na escola ia almoçar a casa. Nós morávamos na quinta, ainda era longe. Uns quatro ou cinco quilómetros, depois íamos almoçar, voltávamos e, à tarde, íamos ao mato, à lenha, guardar as cabras. Era a nossa vida. Ia buscar as cabras nos dias que eram maiores. No Inverno, a gente saía quase à noite. Mas nos dias maiores era sempre. Era eu e o meu irmão. Mais nada. As outras crianças ficavam lá na terra e nós vínhamos os dois para a quinta. Enquanto guardávamos as cabras brincávamos. Lá fazíamos uns casarotes de pedra, mas pouco que a gente tinha de trazer mato ainda, quando já éramos mais crescidinhos. Tínhamos de roçar o mato e levar para casa.