A santa da Mourísia é a Senhora da Assunção, depois há a Senhora de Fátima, na capela há o Santo António, há a Senhora de Lurdes, há a Senhora da Saúde. É assim. A festa é no terceiro sábado de Agosto. Antigamente vinha o padre dizer a missa e cada um assava uma rês, matava uma rês, e fazia-se uns tachos de tigelada e coscoréis conforme o que quisessem fazer.
Não faziam procissão. Agora é que já fazem, senão também é a missa e pronto.
Para a tigelada a gente tínhamos as cabras e as ovelhas, que nos davam o leite. Se queríamos fazer com 2 litros já tinha que pôr mais ovos, se fosse só 1 era menos. Conforme punham os ovos, depois punha-lhe açúcar. Os ovos batiam-se bem batidos numa vasilha. Naquele tempo era com a colher: raque, raque ali a rapar. Depois juntava-se o leite, punha-se-lhe o açúcar, punha-se-lhe sal mais ou menos conforme era a porção do leite, e no fim daquilo aquecia-se, tinha-se o forno quente, para botar os tachos. Aqueles tachos de barro. Quando está cozida a gente arranjava um pauzito assim muito delgadinho e depois enfiava num tacho. Se já viesse enxuto, já estava cozida, se viesse molhado, que ainda viesse agarrado, ainda não estava cozido. Deixava-se estar até cozer e depois estando cozido tirava-se e quando fosse à refeição, que a quisesse comer, estava fria.
Antigamente já se sabe que era tudo mais ao antigo, tudo mais velho, primeiro não havia nada alcatroado. Agora já está tudo alcatroado. Agora já há as casas feitas todos em cimento.
Primeiro a fonte tinha uma piazita em pedra por baixo, punha-se ali o cântaro. Quando era no Verão está claro que todos nascentes dão menos e juntavam-se ali à noite muitos, enquanto chegasse a vez de cada um, não enchia. Eu vinha para casa, porque a gente tinha a vida e depois a que estava à minha frente punha lá o cântaro. Tirava o dela, punha o meu.