A gente, comida, fazia um tacho de sopa para comermos. E cozíamos batatas, com hortaliça e se matava o porco tinha-se carne. A carne salgava-se e metia-se numas salgadeiras de madeira e ali é que se conservava. Ainda é melhor que agora nas arcas de congelar. Era o que se usava.
E o enchido. Tinha-se umas panelas vidradas, punha-se uma qualidade numa, punha-se outra qualidade noutra panela. Fazia-se umas de carne, outras de bofes, outras de sangue, outras de polme. Punha-se cada uma em seu lado. E depois conforme a que a gente quisesse ia lá com um prato e um garfo e tirava para cozer, para comer.
Quando se mata o porco, os homens agarram-no, vão-no matar e põem-no em cima de um banco e depois sangram-no. E depois as mulheres é que com um alguidar aparam o sangue e vão fazer essas morcelas. Com a carne bota-se-lhe sal e põe-se com água, tudo a tomar o sal.
No dia que se mata, os homens desmancham e a gente depois põe nos alguidares e tempera. Depois põe-se lá no fumeiro. Para secar o chouriço demorava algum tempo. Isso é conforme eles são. Se for os de polme é mais depressa. Se for as de bofes demora mais, de sangue ainda mais. É conforme elas são.
O folar é uma coisa e a côngrua é outra. O folar é pela Páscoa, quando vêm dar as Boas Festas. A côngrua é de ano a ano, quando é em Janeiro.
Os lobisomens têm que dar volta às sete capelas. Se lhe picarem que bote sangue fica natural. São lobisomens. Mas se lhe der aquilo tem que dar volta às sete capelas e igrejas. Acho que não fazem mal a ninguém.
As bruxas só têm ódio às pessoas.