O milho era para a gente comer. Pouco vendíamos. Naquele tempo, ia-se moer aos moinhos. Era quase ao pé do Sobral Gordo. Ia-se moer a farinha, levava-se o grão e depois punha-se a moer. Eram duas pedras, uma por baixo e outra por cima. O milho caía naquele olho e formava a farinha. Depois peneirava-se a farinha, aquecia-se o forno, cozia-se a broa e comia-se. Eram umas cestas de broa para se comer toda a semana. E acabando-se tinha que se tornar a ir moer e a cozer.
A broa faz-se assim: a gente peneira, amassa, aquece o forno e depois bota-se. Eu agora cozo no fogão. Também já cultivo pouco, porque agora não posso trabalhar. O meu marido faleceu. Primeiro éramos os dois, cavávamos e semeávamos, fazíamos tudo. Depois ia-se criando, tirava-se-lhe a folha, depois o milho estando maduro apanhava-se, malhava-se e depois levava-se para o moinho, para se moer. A gente peneirava a farinha, tem a gente umas peneiras, depois põe-se a fintar. Estando o forno quente bota-se e é comê-la. Não havia trigo, não é como agora. Quando a gente comia trigo até se consolava. Era só lá de festa a festa. Era, era. Tinha que se trabalhar muito. Juntavam os regueiros lá dentro para a eira. De centeio, acartava-se o centeio, depois malhavam. Também se moía. Aquilo ficava ali um pão que eu sei lá! Muito bom! Escarpeadinho e tudo. A gente comia um bocado de pão mas coziam-se fornadas grandes, traziam umas cestas cheias. Às vezes, coziam duas e três pessoas ao mesmo tempo. Faziam aquelas fornadas. A gente fazia-lhe um buraco com um dedo. Ficava lá o dedo marcado na broa. E se eram mais tinha que se fazer de outra maneira que era para depois saber que broas eram dela.