A padroeira da Mourísia é a Senhora da Assunção. A festa é em Agosto. Ainda se faz mas pouco porque isto agora já está tudo mau. E há pouca gente mas pronto sempre é o dia da festa. Vem o padre dizer a missa. Primeiro era no dia de Santa Cruz, era em Maio. Era uma grande festa, mas também só vinha o padre dizer a missa porque não havia dinheiro para modo de convidar estes conjuntos. Dançavam ao som de uma flautita. Tocavam e a gente toca a dançar. Era o dia em que comíamos melhor e que a gente andava com uma roupelha melhor. Comíamos arroz, só aquele dia é que se fazia arroz e tigelada e bolos. A gente estava toda contente:
- “Já vem a festa para comermos arroz.”
Era aquela alegria que a gente tinha.
A tigelada é com ovos, põem-se numa bacia, batem-se bem batidos, bota-se o açúcar e depois põe-se a cozer no forno. É um doce. Até a gente se consola. O arroz cozido também é um doce. Pô-lo assim nuns pratinhos, depois bota-se-lhe um bocadinho de canela. É bom! A carne, quando era pelas festas matava-se uma rês, arranjava-se para uma bacia, partia-se, depois punha-se numas caçoilas, punha-se no forno e depois tirava-se. Trazia-se uma caçoila para a mesa, tudo dali comia.