Eu e os meus irmãos brincávamos uns com os outros. O meu irmão ia brincar com os colegas e a gente brincávamos umas com as outras. Mas a gente naquele tempo não tínhamos tempo de brincar. Tínhamos que ir para o gado. E vindo do gado ainda tínhamos que acartar a água, que, naquele tempo, não havia água em casa. Só depois de noite é que a gente, às vezes, andávamos às escuras atrás umas das outras. Brincávamos à cisca barrisca e aos jogos de roda e depois às escondidas. Escondia-se, por exemplo, começava uma a contar e eu ia-me esconder e depois essa ia achar a gente. A cisca barrisca era atrás uns dos outros. E depois começáramos a dançar e era para o baile a dançar.
Era muito raro brincarem os rapazes com as raparigas. Eles brincavam uns com os outros e a gente brincava umas com as outras. Mesmo no baile também era assim, começávamos a dançar umas com as outras, depois eles vinham-nos apartar e dançávamos depois com eles. Era mais as raparigas umas com as outras. Mas era cada uma fazendo a sua obrigação, se não fosse não a deixavam. E vindo o domingo, marcávamos a hora, tínhamos que estar em casa. Se não estivéssemos iam lá com um cinto, tiravam o cinto e levávamos umas cinturadas. Naquele tempo era assim, malhavam na gente diante de qualquer pessoa. A gente ficava toda envergonhada. Também não havia relógios, naquele tempo.
- Mais ou menos deve ser horas de a gente...
Vinha sempre a tempo e a horas para casa. Às vezes, a minha irmã ainda ficava mas chegava a casa, já o meu pai, que Deus tem, estava na cama. Levantava-se e ainda a vinha malhar. E eu salvava-a.