Antigamente não havia médicos. Mas também não foi preciso médico para ter os meus filhos. Tive-os em casa. Em primeiro eram as mulheres que ajudavam quando eram os partos. Uma ainda está na Cerdeira, era a tia Adelaide. Que assistiu a esta minha mais nova. E as outras já morreram, uma era Emília, era a sogra do meu vizinho. Em primeiro quase todas elas ajudavam, a preparem. Não era muito fácil tê-los. Agora já dão mais aquelas injecções.
Se por exemplo davam um jeito a um braço andavam a rezá-lo, outras vezes andavam a encaná-lo. Se fosse só estroncado, que desse mais jeito, essas mulheres sabem. Uma mulher que era minha vizinha, essa sabe muito desses “rezamentos”. Assim, punham um pente, depois com aquilo andavam com a agulha, cosiam de um lado e do outro. E diziam aquelas palavras. Ela dizia:
- “Coso nervo torto, isso mesmo é que eu coso.”
E depois dizia outra coisa e era assim. Punha um panelito, virava-se para baixo e a água subia pelo panelo para cima. Há coisas de admiração. Depois com o tempo sarava. Não havia médicos e agora também há poucos mas naquele tempo era pior.
Também vinha um senhor da Benfeita. Até era bom. Ele era só barbeiro, chamavam-lhe barbeiro mas ele era como um médico. E havia muitos chás. Era da flor de sabugueiro e de muitas. Agora até dizem que o que é das urtigas que também é bom. E dos “montrastos” que também é bom. Eram bons para a gripe. Era com o que curavam, não era com remédios nem comprimidos nem nada. Curavam-se assim as pessoas.