Para lavar a roupa íamos à ribeira. Tínhamos uns lavadoiros. Ora estávamos umas, ora estavam outras. Eu cheguei a ter uma pedra quadrada minha, mas as outras pessoas, iam, se eu não lá estava, lavavam. Era no areal, que se fazia um poço até no Verão, faziam um poço grande e estava uma árvore que dava sombra e a gente lavava ali. Era com sabão. Depois começou a haver OMO. A gente levava a bacia com a roupa, mergulhava, punha-lhe OMO e assim deixava-se estar um bocado de molho e depois lavávamos, começava a lavar, punha sabão e lavava. Depois corava lá. Havia umas ervas, a gente punha a corar lá um bocado a roupa e depois já ia embora. Corava para tirar as nódoas que ela tinha ainda. Sempre ficava mais branquinha, estando um bocadinho a corar. Mas também lavavam noutros sítios, lavavam ao pé do lagar. Ora lavavam numa ou lavavam noutra. Ao fundo também lavavam. Espalhavam-se por todo o lado. Arranjavam uns lavadoiros e pedras e lavavam. Havia mais alegria do que há agora. Havia, havia. Então nas fazendas, só se ouvia gente a cantar. Agora não há ninguém que cante nada. É uma tristeza. As pessoas eram felizes. Eram felizes porque cantavam por todo o lado. Toda a gente se ouvia cantar. Até de noite andavam a cantar. Havia uma mulherzinha que andava toda a noite a cantar, a regar, já morreu coitadinha. Era uma alegria, e agora não há ninguém que cante nada. Não se ouve ninguém a cantar nas fazendas.