Entrei na escola com 7. Saí com 12. Chumbei no segundo ano. Andei lá até ao quarto. Antes, a gente ia só até ao quarto, mais nada. Era a quarta classe. Para fazermos depois a admissão, que era o quinto ano, tínhamos que ir a Arganil. E dinheiro? Para pagar a pensão, a dormida e tudo. Onde é que ele estava? Fazíamos o quarto ano, saíamos. Era trabalhar.
A escola era onde agora estão as artes rupestres. Chegáramos lá a andar quatro irmãos. Eu e mais três. Chegámos a andar 56! Éramos aos três e aos quatro em cada carteira, porque não havia carteiras para todos. E agora? Agora, na escola, anda só o meu mais pequenino. Só um aluno.
No meu tempo, cada ano era a sua professora. Uns anos era de Arganil, outros eram de Vilarinho. Cada ano era de seu lado. Ao fim de um ano, ia-se embora e vinha outra. Não paravam cá. Não eram muito severas, mas algumas eram de rabo branco. Quando a gente andava na quarta classe, fazia os ditados. Quem desse mais de cinco erros, levava com uma palmatória. Era uma tábua com buracos e depois, pumba! As raparigas não davam assim muitos erros, mas os rapazes era quase cada palavra, seu erro. Ai, coitadinhos! Às vezes, até metiam pena. Pumba! Metiam a mão debaixo do braço e davam a outra mão. Mas para os castigar, não era preciso bater-lhes assim... Ai, até ficavam com as mãos negras. Agora, não se pode bater nos alunos, mas às vezes até mereciam! Até lhes fazia falta. Eu, às vezes, digo assim para o meu:
- Se tu levasses as que alguns levaram, acho que nem ias à escola...