Água, na rua, só nos fontanários. Da rua, a gente levava-a para casa. Lembro-me eu, era nestas fontes, nestas nascentes, que havia por aí. Havia umas quatro fontes. Ficavam todas perto das casas. Estava sempre a água a correr. Com certeza que também vinha do ribeiro. Vem quase lá de cima da serra. A gente ia com os cântaros buscá-la. Como toda a gente criava porcos, mais água se gastava. Em casa, quase sempre houve. Já desde 1956, 1957, canalizaram-na. Fizeram a mina e a casa de tratamento. Tudo lá em cima. Assim que a canalizaram cá para baixo, já tudo pôs água em casa.
Para lavar a roupa, a gente tinha tanques. Tanquezitos pequenos. Quando estava a chover, lavava em casa. Não íamos lá para a chuva. Quando era no Verão, quando estava o tempo bom, metíamos a roupa na bacia, no alguidar, aí vão elas para o barroco, para o ribeiro. Ainda hoje tenho saudades. Eu é que já não posso, mas tenho saudades de lavar no barroco. Era neste que passa aqui no povo. Havia outro mais para trás. Tinham aqueles poços grandes. A gente, tinha as lavadoiras, que eram pedras grandes. Lavávamos e estava sempre a água limpa, porque a sujidade ia-se embora. Nos tanques, a gente lavava três ou quatro peças e a água ficava logo suja. A lavar no ribeiro, estava sempre a água limpinha. Às vezes, íamos, lavávamos, corávamos a roupa e já a trazíamos lavadinha para casa e, às vezes, até já seca! Lavava-a, punha-a a secar, enquanto lavava outra. Quando vínhamos para casa já a trazíamos dobradinha e arrumada. Eram tempos difíceis, mas ainda metem saudades.