Antigamente, não havia electricidade. Há talvez uns 30 anos que haverá. Era tudo às escuras. Tínhamos um candeeiro de petróleo, às vezes, uma candeiazinha. Punha-se-lhe azeite e uma torcidinha para arder. Não havia frigoríficos, não havia nada dessas coisas. Nada! A comida fazia-se na altura. Nós só comíamos o que cultivávamos, praticamente. Matavam um cabrito e aquilo dava para comer quase dois ou três dias. Havia aqui em baixo uma mercearia, uma tabernazinha que vendia o açúcar, o arroz e às vezes, massa. Vinha assim aos sacos. Depois até havia uns cartuchos de papel. A gente metia para ali e pesavam 1 quilo ou 1 quilo e meio, ou o que a gente queria.
Agora, há luz para toda a terra. Toda a gente tem luz em casa. Toda a gente tem frigoríficos. Já vêm aqui as carrinhas com o pão e, às vezes, também trazem fruta. Trazem assim estas coisinhas que fazem falta. Antigamente, não havia cá nada. Foi um bocadinho complicado, sem dúvida nenhuma. Se a gente agora voltasse para trás, era difícil.