A água canalizada, foram uns homenzinhos da nossa terra que puseram. Os antigos, que já morreram, foram buscar lá acima a canalização. Tem umas casas de preparar a água e agora, toda a gente já tem água em casa.
Na União Progressiva, está uma minazinha. Aí é que a gente ia buscar a água. Água muito fresquinha. Também havia aqui outra fonte muito fresquinha. Era ali que a gente ia buscar a água para beber. Às fontinhas com os cântaros. Eram cântaros de barro ou uma bilha de folha. É água que vem lá de cima da serra do nascente, canalizada para aqui. A gente pega aqui num copo para beber água, parece cristalina. Em Lisboa, eu não bebo água da torneira. A água lá parece que fica amarela. Fica com os pós que lhe põem. Nós, lá, compramos sempre água do garrafão para beber. Aqui, não é preciso isso. A gente vai ali à torneira, é uma água que parece cristal. É muito boa, sem dúvida nenhuma! E os ares são muito bons.
Juntava-se aí muita gente a lavar. A gente punha alguns alguidares no ribeiro, por aí abaixo. Esfregava a roupa, punha no alguidar, amolecia, tornava-se a esfregar, ia-se pôr a corar e depois torna-se a dar. Não havia lixívia, era corar. Punha-se ao sol. A gente ia pôr a roupa estendidinha ao sol com sabão azul e branco. Quando estava ali coradinha, quentinha, era só lavar ao ribeiro, outra vez. Ficava branca, branquinha.
Antigamente, nem havia casas de banho. As casas de banho eram por aí fora, pelos campos. A pessoa aproveitava tudo para o estrume. Não havia papel higiénico. Às vezes, era com folhas das videiras, com folhos dos milhos, um bocado de jornal... Quem cá viveu no outro tempo e agora... Agora, a minha casinha é pequena, mas já tem duas casas de banho. O meu filho arranjou uma casa, que era do meu marido e de uma irmã, também já tem duas casas de banho boas. Antigamente, a gente ia a uma casita de madeira.