Toda a gente criava porcos. Depois, vindo em Novembro, Dezembro, todos tinham um porquinho ou dois para matar! Então, juntavam-se as famílias e ajudavam-se uns aos outros. Por exemplo, na casa do meu pai, juntávamos a família dele, irmãos, irmãs, sobrinhos, era uma festa! A matança do porco até para os miúdos era uma festa! Depois a carne era salgada numa salmoira. Chamavam-se salmoira ou salgadeira. Como era toda cobertinha de sal, não se fazia amarela. E aquela que era para ter já mais arranjada frigia-se e metia-se outra vez no azeite. Estava sempre pronta. E depois, então, aquela carne parece que ainda era mais saborosa! Sabia bem. Ficava que era uma maravilha!
Quando era das colheitas, debulhava-se o milho e ajudávamos uns aos outros. Tinham assim umas palheiras, aqui além, onde faziam os estendais do milho. Íamos à noite para lá e era uma alegria! Mais para o Inverno, eram já as noites maiores, contavam histórias, cantávamos... A minha infância foi toda assim daquela maneira. Passou-se já a minha mocidade, mas ainda hoje mete saudades. Era um tempo que não havia rivalidades, davam-se tudo bem uns com os outros. Agora já andam para uns lados e para outro. Mas, antigamente, era um tempo que não havia ódios, não havia vinganças, não havia nada. Parecia uma família só nesta aldeia.