Recordo-me do Dia dos Compadres. Já acabou a tradição. Os compadres faziam dois papéis. E depois tiravam dois papéis. O das mulheres e dos homens. E punha-se um num saco, outro noutro. Agora, uma hipótese: estava aí um saco e estava outro. Eu ia, tirava um papel. Outro ia, tirava outro papel. E aquele papel que tirava um e o outro eram os compadres. Se calhava com outro, ficávamos compadres! É só uma brincadeira.
No São João, agarram num gato, fazem um mastro e põem-lhe palha pelo mastro acima. Enterram na terra, atam um cântaro ao cimo do mastro e o gato está lá dentro. Depois põem-lhe o lume por baixo. O lume vai ardendo, ardendo, chega lá em cima, arde, cai o cântaro para baixo, foge o gato! Vai o gato a fugir e não se queima! São tradições. É um divertimento já dos antepassados.
Na altura das colheitas, íamos descascar o milho. E depois, se aparecia uma espiga preta, iam dar um abraço a cada um. Era um chi! Os rapazes iam abraçar as raparigas naquelas desfolhadas. Tudo andava a ver onde é que apanhavam a espiga preta. Era o milho-rei. Nessa altura, a gente falava:
- “Olha, hoje descasco o meu milho. Vais-me lá ajudar?”
Depois, ao outro dia, íamos aos outros. Era assim. Agora já é pouco, cada um descasca o seu. Já não há milho. Não há a bem dizer nada. E as tradições agora já são diferentes. Antigamente é que era mais tal.