Para mim esta aldeia é uma cidade. É onde eu vivo e é onde vai ser o resto da minha vida. Eu gosto de Chãs d'Égua porque estou sossegado. Vou três dias por semana a Coimbra mas a gente só vem atrapalhada. Eu conheço Coimbra de 1929 para cá. Passei lá, em 1929, quando fui a pé de Santarém trabalhar. Fôramos tomar a camioneta de Vide para Coimbra. E depois, em Coimbra, fomos de comboio para o Entroncamento. De maneira que conheço Coimbra, mas o movimento daquele tempo e o movimento de agora é tão diferente, tão diferente. Agora a gente quer andar, não pode. Naquele tempo, havia uns eléctricos que faziam os transportes, carros viam-se poucos. Percorria-se tanta distância sem se ver um carro. Agora eles coitados é “pipipi pipipi”, todos querem passar e não há espaço para nada.