Quando era pequena, não fazia nada. Estávamos ao pé da minha avó a cozinhar e a queimar a lenha. Quando ao fim éramos mais crescidas, já íamos com a minha mãe. Ela roçava-nos lá molhitos de mato e a gente é que trazia. E já íamos com ela à lenha e já trazíamos também um bocadinho de lenha. Aí a gente começando a correr por as ruas já tinha que fazer! Era a quase 5 anos, andávamos na primeira classe. Mas ainda primeiro, às vezes, ia deitar o gado com a minha avó. Dizia ela assim:
- “Olha, tu sentas-te aqui. Tens o meu gado daqui para lá! Não deixes vir o gado para aqui! Dás-lhe! Se ela vier para aqui, dás-lhe com a vara!”
A gente sentava-se lá e tínhamos uma vara, assim uma coisa comprida. Mas a minha avó é que vigiava o gado lá do outro lado. Eu lembro-me bem isto assim. E outras vezes, quando a minha irmã já era mais crescida, ia a mais ela. Botáramos o gado e guardávamo-lo assim: ela estava dum lado eu estava do outro. Depois, quando a gente já era mais crescida, começávamos a ir com elas para os matos, lá para a serra. Íamos lá dar a volta àquela serra lá em cima ao alto. Mas não era sozinhas. Era com as outras pessoas de cá também, com os outros rapazes ou raparigas. E a gente sachava milho, cultivávamos o campo, fazia o pão, fazia tudo. Eu só cavar é que nunca cavei. A mais fazia tudo. Não me ajeitava a cavar, não sei que era aquilo! E depois foi assim a nossa vida.