Fiz a Primeira Comunhão e fiz a Comunhão Solene. A Comunhão foi aos 7 anos. A gente tinha de saber a doutrina e já ia comungar. Mas eu, como já sabia, fui comungar com 6 anos. Eu, às vezes, ia para lá para casa da minha tia que me ensinava. Dizia à minha avó:
- Eu vou para casa da tia Maria Rosa.
Lá nos ensinava a ler a mim e aos outros. Aqueles que estavam com atenção aprendiam mais depressa, lá iam comungar. Os que não estavam, olha, ao fim não sabiam nada.
Na Primeira Comunhão tinham que nos comprar um vestido branco para levarmos. Às vezes, quem tinha dinheiro já comprava uma fitinha para lhe pôr no cabelo. Quem não tinha não comprava, mas o vestido sempre tinha que comprar. Depois levávamos uma coisa de renda que chamavam um véu. Era uma coisinha de renda que não chegava aos pés, era assim mais para cima. Quando eram pessoas mais crescidas era o véu todo. Quando as pessoas eram mais pequenas e tinha pessoas de casa com véu, para não andar a pedir emprestado, a minha tia dobrava um bocado para dentro e franzia-o. Ficava aquele bocado assim por baixo, por as costas, e punham-nos à mesma à cabeça. À frente já era uma coisa com uns cravos, que traziam quando iam ao Vale de Maceira por o dia de festa. Chamavam aquilo uma “silva” e depois punham-na em cima do véu. Para a Comunhão Solene, também comprávamos um vestido branco, uma fita azul para pôr à cintura e outra fita branca para pôr na cabeça. Mas era só um vestido para a Primeira Comunhão e para a Comunhão Solene! E a gente cá nunca usou vestido curto, era sempre vestidos compridos. Mesmo se a gente usava uma saiinha, nunca era curtinha, era sempre comprida, a dar pelo joelho.
E ao fim é a Profissão de Fé. Então, a gente tinha para aí uns 8 ou 9 anos, já ia sempre fazer quando era naquela altura da festa. Mas a gente tinha que ir ao Piódão à doutrina. Chamavam aquilo um exercício. Havia assim um corredor e a gente estava numa carreira, umas alas, umas dum lado, outras do outro. Depois, conforme iam indo aquelas alas, a gente ia indo par a par, uma com a outra. Depois, no cimo da igreja, estavam lá dois meninos ou meninas mais pequeninos (que chamavam os anjinhos). Tinham uma toalha branca, grande mas estreita, estendida. Uma pegava de um lado, a outra pegava do outro e a gente ajoelhava e comungava. O senhor padre dava-nos a comunhão por cima daquela toalha. Era assim.