A castanha quando era a época dela, como era muita punha-se no caniço. O caniço são umas ripas com umas ranhurazinhas que é para entrar o calorzinho da fogueira, na cozinha. E punha-se lá as castanhas. As castanhas com o tempo ficam secas, a casca. Descascam-se. Essa castanha servia depois para a alimentação. Cozidas ou depois fazer a sopa de castanha, com arroz. Era uma ajuda da alimentação. Porque antigamente havia muita castanha. Depois púnhamos no chão e com os pés, “qrrr qrrr qrrrr”. Era a mesma coisa que essa geada negra. E havia outra que hoje não se vê.
Quando havia as águas que caíam, por exemplo, num combro ficava assim aqueles caramelos. O gelo. O bico com a água a cair, ficava aquilo. E hoje já não fica isso. Se deixasse aí um bocado de água num lado qualquer, no outro dia parecia vidro que estava ali. Isso ainda acontece na Serra da Estrela, na Lagoa Comprida, que chegam a andar de bicicleta por cima. Porque fica gelada mas com uma camada boa de gelo. Não é pouco. É muito gelo porque ela nunca derrete. De noite e de dia, está sempre lá.
Nessa altura em que nevava tínhamos gado. Não podiam sair. Mas tínhamos o pasto no palheiro. Tínhamos de trabalhar para isso. A rama do milho, ficava no palheiro, que era para nessas alturas que não se podia ir com o gado, eles comiam disso. Chamavam comer a seco. Estávamos desejosos que a neve passasse para irmos com elas para o pasto. Que elas gostam de verduras, não gostam de muito seco.