O domingo era sagrado, não se trabalhava. Toda a gente tinha que ir à missa de manhã. Os pais assim obrigavam porque foram criados na religião. E os filhos também tiveram de seguir a mesma religião dos pais, evidentemente. Antigamente, os padres eram muito rigorosos e exigiam que as pessoas fossem à missa. Era quase como uma obrigação. Hoje já não é assim. Hoje as pessoas só vão se querem, mas antigamente não. Obrigavam mesmo a ir. E se algum não fosse, era excomungado. E perguntava o padre:
-“Então e fulano tal?”
Às vezes quando encontrava as pessoas.
-“Então e fulano tal não está cá?”
-“Ah ele não pode vir, foi buscar o pai.”
Ou foi a qualquer lado, lá lhe davam uma desculpa. Às vezes até podia estar doente e não ia. Mas ele dava logo falta. Perguntava a outro, via-os lá e perguntava:
-“Então fulano tal?”
Também não deixava as pessoas dançar. Não deixava dançar os rapazes com as raparigas. Isso era um escândalo. E se às vezes, faziam aqui um baile, vinham logo os pais:
-“Menina vai já para casa que eu não te quero aí.”
E, às vezes, até andavam à porrada, os pais a dar porrada aos filhos por causa disso. Houve um padre que esteve aí que só esteve atrasar isto. Atrasou ainda mais. Mas já passou. Ele também já morreu.