Aos 7 anos comecei a ir ao mato. Foi quando fui para a escola. Ia primeiro buscar um molho de mato para os animais antes de ir para a escola. Não havia estrada. Era só assim uns carreirinhos que havia “pia cima”. Ia muitas vezes de manhã. Depois, às nove horas, abria a escola, já tinha que lá estar. Se fôssemos para mais longe, demorávamos aí uma hora ou mais. Depois a roçar, cortar o mato, trazê-lo às costas, descalças. Levávamos umas tamanquitas, mas depois tirávamo-las. Púnhamos no meio e vínhamos descalças. Antigamente era assim. Quando nevava, sabe Deus como a gente passava. Tínhamos ovelhas, tínhamos cabras. Às vezes, para ir buscar o comer para eles e tudo, íamos agarradas a uns paus para nos segurarmos. Às vezes íamos levar a “lavagem” às ovelhas. Antigamente a gente chamava a “lavagem” à água que a gente lavava a loiça. A gente lavava com água quente, não era lavada com detergente como agora. Então, aproveitávamos aquela água para os animais. Como tínhamos porcos, ia para os porcos. Muitas vez caí com os baldes de água “pia baixo”. Escorregávamos na neve. Estávamos às vezes aí dias inteiros em casa. Não se podia sair à rua. Alguns dias, não é sempre. Mas a gente tínhamos que sair à força porque tínhamos os animais para tratar.