Antigamente aproveitávamos a palha do centeio para encher os panos para a gente lá dormir. Nós, naquele tempo, era assim. Havia uns panos - chamávamos até colchões - e enchíamos de palha do centeio. As camas eram de ferro ou eram de madeira, só no vão. Enchíamos aquilo e púnhamos na cama. Dormíamos lá bem. Depois de encher os colchões estava todo o ano. Quando era no Verão, tirávamos aquela palha e púnhamos outra nova. A gente lavávamos tudo. Antigamente não era como agora. Não era lençóis como agora. Tínhamos uns lençóis, mas era só uma muda ou duas. Íamos lavar a roupa aos barrocos. Tínhamos que ajoelhar e lavávamos ali assim a roupa naqueles poços. A água era pouca no Verão, mas havia uns poçozitos e a gente lavava ali com sabão azul. A roupa ficava branquinha. A gente antigamente lavava a roupa branca mas deitávamos ao sol. Chamávamos aquilo pôr a roupa a corar. Eu, ainda assim, até os cobertores que tenho novos arrecadados ponho tudo ao sol. Em vindo o Verão ponho tudo ao sol. Se não forem ao sol, a traça começam-nos a cortar. Estragam os cobertores todos. A outra roupa da cama que a gente trás todo o Inverno, quando é no Verão lava. Como é Verão, não é preciso nem a metade daquela roupa. De Verão, um lençol ou uma colcha de algodão por cima e a outra coisa já chega. De Inverno é que a gente trás muita roupa na cama. Depois a que for precisa ponho, a que não for precisa vai outra vez para a arca.