As batas

Geralmente, onde estive, aproveitavam-me sempre para a costura. Estive no Porto. Fiz muitas batas para as meninas do quinto ano que estavam no colégio. E comecei a fazer para outro colégio que tinha só meninos a partir dos 2 anos. Ainda me lembra que era 50 escudos cada bata. Mas era lá. Porque eu em Chãs d'Égua fazia uma saia a 2500, uma blusa podia ser aí 5 escudos. Fiz tudo aí em 1950 e até 1960, por aí assim. As roupas era tudo baratinho aqui. Mas depois, em Coimbra, mandaram-me para o Porto e então lá não era à minha conta. Fiz lá muita bata. Ainda fui à frente 15 dias antes para começar a fazer as batas. No Porto, a abertura era atrás com os botões. Tinham um “viezinho”, no peito e eram soltinhas, com os bolsos. Mas o que lhe dava graça era aquela fitinha que tinha. Um rolinho que tinha nos bolsos e no cabeção, atrás e à frente. Uma virolazinha só em cima. Eram assim as batas de todos. Das crianças e das raparigas lá do Porto. Ficava muito giras as batas. Lá é tudo azul.

Aqui também fiz para a escola. Fiz primeiro para as raparigas. Também azuis, com uns bordadinhos. E depois também para os rapazes. Foi um senhor que veio do Brasil que comprou pano para todos, para os rapazes e para as raparigas, e eu é que as fiz. Eram assim um xadrezinho. Dessas para os rapazes fiz abotoadas ao ombro. Em lugar de ser à frente era assim com uma partezinha a abotoar ao ombro. Também gostava muito daquelas batas. Graças a Deus fiz muita coisa. Não sei quanto é que ganhei, isso não me lembro. Naquele tempo eram 64 na escola e fiz para todos. Tinha 64 na escola e 60 raparigas acima de 12 anos. Eram das quintas. Mas só contava, acho que era só da Covita para cima. Na Foz d'Égua não contava. Mas contei 60 raparigas. A mais nova era uma filha do Manuel. Parece impossível, mas havia. Foi em 1956, 1957 e 1958