Já quando era nova, já cuidava das coisas da capela. Depois ficaram os mordomos a cuidar. Comecei, nem sei como é que foi. É a necessidade das coisas. Primeiro até era menos. A minha irmã lá me começava a encarregar. Em 1962, um senhor que era mordomo foi-me falar para eu arranjar. Depois deu-me alguma coisita de dinheiro. Quer dizer, ajudou-me. Antes, isso era de graça. Agora, quando vim, comecei a cuidar do altar do Santíssimo. Até que a minha irmã, em algum tempo, era ela que tratava das imagens debaixo e eu tratava só em cima. Mas ela foi-se embora para Lisboa. Deixou-me tudo. Em baixo são as imagens da Senhora de Fátima e o Coração de Jesus. Em cima é o São João Baptista, a Senhora das Febres e a Santa Bárbara. O padroeiro é o São João. Mas do Santíssimo é que temos de tratar melhor. No altar gosto sempre de ter umas florinhas novas, porque está o Santíssimo no sacrário. Eu, quando compro, compro as que gosto. Mas, quando me remedeio com as que há, gosto de todas. Gosto mais de cores claras, mas de vez em quando, tenho que pôr também outras. Mais roxos ou assim. Gosto sempre de flores cor-de-rosa, brancas, bege. Quando compro, compro sempre coisa para cores bonitas. Gosto das flores que são criadas cá. Até duram mais. Eu gosto delas porque são das nossas. Somos nós que cuidamos delas. Ponho giesteiras, mas já há poucas. As canas de São José são cor-de-rosa. Havia umas sécias. Há também malmequeres cor-de-rosa e brancos mas são pouquinhos. Púnhamos aquela florzinha mas, às vezes, a flor também não era tão boa como podia ser e então já não durava tanto. O mais necessário é águas sempre limpas. Também, se podermos pôr as qualidades separadas, também aguenta melhor. Mas ter a água sempre limpa é muito bom. E lavar os pezinhos das flores. Quando é preciso, cortar um bocadinho.
Venho para a capela e, às vezes, já estou cansada. Tenho que ir a casa comer qualquer coisa e depois é que volto outra vez. Agora já não posso. Limpa-se o melhor que se pode. E enfeitar também é o melhor que se pode. Antes toda a gente fazia por plantar flores. Havia muitas flores. Agora não. Há pouco quem cultive. Muitas vezes temos que comprar. Mas sempre vai havendo qualquer coisa.
Iluminá-la isso é que é preciso sempre. Dantes era com azeite. Dava mais trabalho. Agora, há uns 12 anos para cá, temos a cera líquida. Enquanto ela dura há luz. Temos que ter cuidado. Também arranjámos a lâmpada eléctrica. Só quando haja obras ou que haja trovoada ou qualquer coisa, se faltar aquela eléctrica, é que temos que acender daquela cera líquida. A lâmpada tem de estar sempre acesa. Agora há electricidade mas temos de nos preocupar se ela falta. Se faltar temos que ir logo acenda a cera líquida.